Quero deixar bem claro que as informações abaixo contidas servem apenas como “dicas” e não tem nenhuma pretensão de engessar a forma de se praticar o Rapel. Portanto como é um assunto que pode gerar polêmicas, gostaria que estas informações fossem lidas e tidas como um aprendizado apenas. Pensem e usem o que acharem correto.

O RAPPEL

O Rapel é a parte mais perigosa de uma escalada, pois normalmente acontece numa hora em que estamos mais descontraídos, desatados da corda principal e cansados. Além disso, é um momento em que estamos totalmente dependentes dos equipamentos de segurança.

RECOMENDAÇÕES PARA MINIMIZAR RISCOS NO RAPPEL:

1 – Procure não fazer “cacho de uva“ na parada, a fim de evitar manobras de corda num espaço muito pequeno e desconfortável. Evite juntar mais que três pessoas numa única parada. Aglomeração nestes locais é sinônimo de descontração, conversas variadas, piadas, brincadeiras… enfim, diversos fatores que resultam em falta de atenção.
2 – Antes de desencordar verifique se TODOS estão presos em suas solteiras.
3 – Se estiver com apenas uma corda, passe no olhal do grampo uma das suas pontas até que o meio da corda chegue ao olhal, ANTES do segundo da cordada se livrar da outra ponta. Esta ação evitará que você perca a corda durante a montagem do rapel.
4 – Se estiver com duas cordas e optar por descer com elas emendadas, faça o mesmo procedimento acima e aplique o nó de emenda que você está habituado a fazer, deixando sempre um rabicho de, no mínimo, 30 cm. Peça sempre que uma outra pessoa verifique as condições do nó. Ao ajeitar as cordas emendadas no grampo de descida, não deixe que o nó fique muito perto do olhal do grampo (mínimo de 10 cm).
5 – Na maioria das vezes, principalmente naqueles rapéis em que o comprimento da corda chega “no talo” no próximo grampo de descida, é altamente recomendável fazer um nó nas pontas da mesma antes de lançá-la parede abaixo. Isso evitará que as pontas da corda corram por dentro do seu freio, desprendendo-o da corda.
6 – Antes de instalar seu aparelho de descida, monte seu auto seguro, preferencialmente com um mosquetão de rosca. O guia da cordada deve observar se o freio de todos os participantes está montado corretamente. Ao chegar na parada seguinte, desmonte primeiro o aparelho de descida e, só depois, seu auto seguro. O auto seguro deverá ser sempre o primeiro a ser montado e o último a ser desmontado.
7 – Ao retirar sua solteira do grampo, clipe-a no mosquetão do seu aparelho de descida.
8 – O primeiro que descer deverá segurar as pontas da corda e observar atentamente a descida dos demais, pronto para travar o rapel do seu companheiro, caso haja necessidade.
9 – Se a parede tiver muita vegetação não se deve jogar a corda para baixo. Nestes casos, o primeiro a descer deve carregar a corda consigo, soltando-a aos poucos, para evitar danos muito severos à vegetação.
10 – Em rapéis com duas cordas deve-se memorizar, a cada lance, qual das cordas deverá ser puxada para a próxima etapa do rapel.
11 – O primeiro a descer deve sempre procurar um grampo em posição mais confortável para abrigar o grupo e não exagerar no aproveitamento total da corda, evitando riscos na chegada. É melhor fazer mais um rapel do que criar uma situação complicada.
12 – O primeiro a descer deverá montar a nova parada com mosquetão “base” e fita (se for o caso), para receber os outros componentes do grupo.
13 – Antes de começar a puxar a corda, desfaça os nós das suas pontas e já comece a passar uma destas pontas pelo olhal do grampo a ser utilizado para a próxima descida. Logo que essa ponta passar pelo olhal do grampo, refaça o nó na mesma de forma a impedir que ela retorne e saia do grampo. À medida em que a corda for sendo puxada, continue passando pelo grampo este lado da corda cuja ponta tem nó, até atingir a sua metade. Se a descida for muito em pé, cuidado quando a outra metade cair pois, dependendo da velocidade da sua queda, ela pode fazer correr toda a corda de volta pelo olhal e se você não tiver dado nó na ponta ela se perderá. O procedimento do nó na ponta evitará que ela consiga passar pelo olhal e se perder. Neste caso, outra boa medida preventiva é fazer com que a corda já passada esteja presa ao corpo de alguém do grupo.
14 – Teste SEMPRE o funcionamento do aparelho de descida, antes de desclipar a solteira do grampo.

GERAIS:
A – Escale sempre com 3 cordeletes em bom estado.
B – Se desejar, crie um backup no loop do seu baudrier, utilizando uma fita (procedimento feito em casa).
C- Não custa nada observar, antes que o seu companheiro comece a descer, se está tudo em ordem com ele.
D – Depois de estar tudo armado para a descida, faça uma simulação do rapel, antes de retirar a solteira.
E – Não converse muito sobre assuntos que não dizem respeito à descida (não se distraia).
F – Cordas emendadas causam mais impacto à vegetação, aumentam os riscos de acidentes e tem mais possibilidades de ficarem presas. Analise bem a situação antes de se decidir por esta opção.
G – Procure fazer uma boa escolha dos pontos de descida, dando preferência às “paradas-duplas” e aos grampos de ½ ” (em bom estado, é claro!).
H – Observe no livro Escale Melhor e Com Mais Segurança, do Daflon, pág. 121, as várias possibilidades de se armar uma descida.

Carlos Alberto Carrozzino