Ilhas de vegetação no meio de paredes rochosas é uma paisagem comum para nós escaladores.

As rochas são o ambiente preferido de algumas espécies de plantas que só proliferam neste ambiente “inóspito”. Elas, em geral, têm um crescimento extremamente lento. Algumas levam cerca de 150 anos para atingir algo entorno de 50 centímetros de altura. Esta lentidão se deve a escassez de nutrientes no meio da parede e também de água, que escoa rapidamente sem ter locais de estocagem, pois o solo disponível é raro.

Nestas ilhas de vegetação encontram-se muitas plantas endêmicas, que uma vez eliminadas daquele local, estarão simplesmente extintas. Isto aumenta consideravelmente a responsabilidade dos escaladores na proteção destas pequenas preciosidades.

O problema surge quando os escaladores, apesar da imensa variedade de vias que podem surgir em paredes nuas, conquistam uma via que passa por estas ilhas de vegetação.

Basta um pouco de pisoteio para que as plantas deste ambiente rochoso sejam eliminadas e a recuperação da estrutura e da composição da vegetação pode levar longos anos ou mesmo ser impossível sua recuperação.

Todos os escaladores devem ter sempre em mente que escalada em rocha é um esporte realizado em ambientes naturais únicos, com seu próprio equilíbrio e suas espécies típicas.

Muito mais importante que isolar espécies ameaçadas longe dos seres humanos, é fazer com que nós aprendamos a ver, conviver e preservar estas espécies. Desta forma as escaladas devem ser praticadas com consciência para que as rochas continuem abertas. Não custa lembrar que a força do esporte surge também à custa do reconhecimento da população e dos órgãos públicos, constituindo um código de ética e praticada por pessoas conscientes do seu dever de proteger e preservar, para que no futuro os novos companheiros de montanha possam também participar de toda esta beleza.

Finalizando, quando formos iniciar uma nova conquista ou nos deliciamos em nossos rapeis depois de uma linda escalada, façamos uma análise prévia do que poderá acontecer com este nosso tão frágil ambiente, antes de agirmos.

Carlos Alberto Carrozzino