Mesmo os mais céticos hão de concordar: São Pedro interveio pessoalmente na trégua entre duas frentes frias, para proporcionar à nossa querida Sol um sensacional fim de semana no PARNASO, como presente de aniversário! Não teve climatempo, cptec ou windguru que acertasse o belíssimo domingo com que fomos brindados – a aniversariante e seus felizardos amigos.

O início dessa história vocês conhecem: foi em fevereiro, quando tive a ideia de fazer o Garrafão em 2 dias e descobri que em 21 de maio, sábado, haveria lua cheia.

Por falta de guia oficial – e posteriormente por estarem esgotadas as vagas para dormir no parque – a excursão não saiu como prancheta do clube, mas eu, Sol, Andreza, Claudia Eloy, Henrique e o filho decidimos ir de qualquer maneira. A ideia era fazer o Papudo no sábado, na subida para o abrigo 4, e a Pedra do Sino e o Mirante Cara de Cão no domingo.

Aqui, abro um parêntese de interesse geral: as vagas para dormir no PARNASO estão se esgotando com no mínimo 3 meses de antecedência. Um amigo não conseguiu em maio vaga para agosto inteiro! Quem quiser se programar, fique esperto! Fecha parêntese.

Chegamos a ficar bem desanimados com a excursão, tendo em vista o tempo chuvoso e frio que perdurou por toda a semana anterior e que – diga-se de passagem – voltou hoje, dia seguinte, quando escrevo esse relato!

Só decidimos que iríamos mesmo na tarde da véspera, quando pelo menos a chuva deu uma pequena trégua.

Saímos do Rio no sábado às 7:00 e começamos a caminhar às 10:00. O tempo estava nublado e ventoso, mas sem chuva; com cargueiras relativamente leves, fizemos todo o percurso em 5 horas e meia, tendo parado algumas vezes para reabastecer de água, já que optamos por levar pouca água e ir reabastecendo pelo caminho, e almoçamos no mirante do abrigo 3, com bastante vento e frio, mas ainda sem chuva.

Digo que as cargueiras estavam relativamente leves, pois levamos apenas saco de dormir, isolante, roupas quentes para dormir e comida: 2 lanches de trilha, um jantar e um café da manhã. No abrigo encontramos fogão, panelas, pratos, talheres, banho quente e muita gente! Ao contrário do que imaginei, estava lotado.  Não fomos só nós a persistirmos!

Mais ou menos na cota 2.000 começou a ameaçar uma garoa bem fininha, que não chegou a molhar, mas foi suficiente para nos fazer desistir do Papudo e tocar direto para o abrigo.

Lá, entramos na fila do banho, que só é possível em um dos 2 banheiros, e é rigorosamente controlado por um dos funcionários do abrigo: 5 minutos por pessoa e ele, de relógio em punho, bate na porta dos recalcitrantes.

Limpos e quentinhos, atacamos nossos jantares ou miojos; sim, alguns de nós apelamos para o miojo, pois não achamos comida liofilizada para comprar no Rio (a Makalu está sem fornecedor) e a ideia era simplificar e diminuir o peso ao máximo.

O pôr do sol, visto da varanda do abrigo, já prenunciava que o tempo estava abrindo, pois belas nuvens douradas e avermelhadas se destacavam em pedaços de ceu azul. E pouco antes de dormir descobrimos que o céu estava estrelado e que uma linda lua redonda brilhava risonha para nós!

No dia seguinte, não deu outra, tempo totalmente aberto, rumamos, sem mochilas, para o Sino e em cerca de 45 minutos chegamos ao cume, para um espetáculo que mesmo os que, como eu, já tinham ido outras vezes, jamais haviam presenciado: paisagem totalmente aberta, com direito a Corcovado, Pão de Açúcar, Pedra da Gávea, PNT, Baía da Guanabara, por um lado; Três Picos, Capacete e cia. por outro; e todo o visual da Serra dos Órgãos, nítido, majestoso, inteiro para nós! Cheguei a dar “teloguinho” para o Eder, que julguei ver na janela de casa!

Dali, fomos ao São Pedro, passando de novo pelo abrigo, chegando em outros 45 minutos, mais ou menos, depois do abrigo. Não me perguntem porque o Henrique mudou do Cara de Cão para o São Pedro, eu só sigo ordens, mas acho que foi uma decisão acertada, para reverenciar o santo chefe das intempéries, por nos ter agraciado com tão divino e límpido visual naquele domingo. Foi o primeiro São Pedro de todos nós e realmente ficamos extasiados! De lá, o Escalavrado é espetacular, simétrico; vê-se a Agulha do Diabo, com a unha bem nítida, todos os dedos que compõem com o Dedo de Deus, o Dedo de Nossa Senhora, a Pedra do Sino por trás e muitas outras coisas lindas, que nos fizeram nos sentir privilegiados por estar vivendo aquele momento – principalmente quando já tão pouco esperávamos da excursão! Foi um muito merecido presente de São Pedro a essa tão doce, meiga e solícita amiga!

Sol, querida, nesse final de semana sua luz brilhou tanto quanto a do seu xará, que nos envolveu e inundou com sua luminosidade e calor!

Bem, de volta ao abrigo, pegamos as cargueiras e iniciamos a descida às 12:30h, parando para almoçar no abrigo 3, e chegando de volta ao carro antes de 17h. Depois, na descida da Serra, só uma parada para o pastel da Casa do Queijo, que ninguém é de ferro!

Bjs, Mônica