No sábado à noite, o Rafael me ligou, a excursão por ele programada para o domingo de carnaval ao Polegar do Dedo de Deus, foi cancelada a pedido de um dos participantes da mesma; o gajo alegou que não se sentia em forma para tal jornada. Imediatamente o Mulambo Mor programou outra atividade, com outros participantes, a Passagem dos Olhos da Pedra da Gávea, com Patrícia, o Draga e para completar o grupo me convidou, assim faremos duas cordadas de dois.

A caminhada transcorreu tranquila, mas nós derretemos mesmo caminhando na sombra dentro da floresta, suamos em bicas, o que foi uma surpresa, mas não chegou a nos abater. Na base da via nos equipamos e o Rafael vai sair guiando a patrícia e quando ela partir eu seguirei guiando o Draga, e como estarei nos calcanhares dela, poderei, se ela precisar, fornecer algumas dicas para Cachopa, já que eu já conheço a via e ela ainda não e assim sendo ela ficou mais tranquila, ou quase, e confiante. A primeira enfiada da via é na vertical e a Pati não teve problema para vencê-la, já a partir da segunda, quando começa a horizontal, a Cachopinha começou a bufar, mas não amarelou e com algumas pequenas dicas aqui e ali, no final se saiu muito bem na empreitada geral e chegou ao Olho Direito feliz que nem pinto no lixo.

A parte final da via é vencida num cabo de aço cujo trajeto é 95% na horizontal e só o trechinho final na vertical, chegando logo abaixo da Orelha Direita da Cabeça do Gigante. Ficamos um bom tempo no Olho Direito, onde o Rafael ficou fotografando, filmando e encarnando em todos nós, e quando resolvemos encarar o cabo de aço, o Mulambo resolveu que seria melhor, para facilitar a vida da Cachopa, passar pelo cabo solteirado no mesmo é claro, mas rapelando ao mesmo tempo. A intenção pode ter sido boa, mas o resultado não foi legal, pois além deste procedimento tornar o progresso no cabo mais lento, na hora de puxar a corda, a mesma prendeu no cabo e se o Draga e eu não estivéssemos ainda no olho, o Mulambo teria que voltar no cabo, para passar a Cachopa para ir soltar a corda que estava presa bem longe de onde ele parou. Isso nos atrasou ainda mais, pois antes de constatarmos ser impossível soltar a corda a partir do Olho, o Draga e eu bem que tentamos durante algum tempo, mas ela só sairia a partir dali se viesse com a própria Pedra da Gávea até nós. Finalmente resolvemos que a única maneira de soltar aquela corda, seria indo até onde ela estava presa que não era muito longe de onde estávamos, e aí, instrui o Draga para rapelar até lá, naturalmente também solteirado no cabo de aço, soltar a corda do Mulambo e me esperar chegar até aquele ponto para a partir dali mudarmos o procedimento da progressão no cabo para a maneira usual, isto é, encordados costurando a corda nos grampos durante a progressão e com segurança do que estiver na parada no momento; e assim progredimos rapidamente até o final do cabo e da escalada como um todo.

Quando finalmente terminamos a via, já era por volta das 19:30 e certamente faremos nossa descida até o carro com auxílio das lanternas, e como esqueci a minha, a Pati me emprestou uma que tinha levado como back-up, grande menina, a princípio quando ela disse que não tinha levado pilhas de reserva, mas sim uma lanterna de quebra, encarnamos na Cachopa, mas no final das contas, a sua atitude foi providencial; palmas pra Cachopa, e vaias para mim. E o calor continua infernal, suamos mais na descida do que na subida, e olha que a descida foi de noite, mas chegamos no carro com as camisas encharcadas necessitando serem torcidas para ficarem somente húmidas; felizmente tínhamos camisas para trocar. Cheguei de volta em casa pouco antes das 22:30.

ZéKili