Rio de Janeiro, sexta-feira 24 de junho de 2016 – Hoje, seguimos para Itatiaia o Velho e eu de carona no carro do Wal que vai fazer uma palestra esta noite, em Rezende no GEAN, e depois dormiremos no chalé dos Spanner na parte baixa do PNI, para amanhã, dia de aniversário de 50 anos de mais uma conquista do CERJ, escalar a Chaminé Willy Brackmann (IIIsup), conquista realizada por Raimundo Luiz Minchetti e Antônio Carlos R. de Aguiar, em 25 e 26/06/1966. Clássica escalada das Prateleiras. Itatiaia é uma palavra de origem indígena, em tupi-guarani que significa “pedras com pontas” em português. Bem, esta chaminé fica no maciço conhecido como Prateleiras, mas neste parque situa-se também o Pico das Agulhas Negras com seus 2.787m de altitude, que é a mais alta montanha do estado do Rio de Janeiro e a sétima do Brasil; o Pico das Prateleiras tem 2.548m de altitude, e o cume da chaminé fica a uns poucos metros abaixo daquele.
Depois de concluída a palestra no Gean, que foi bem concorrida, e muito bem ministrada pelo nosso montanhista historiador mor Waldecy, saímos para procurar um lugar pra jantar, e aí ficou difícil, pois tentamos primeiro em Itatiaia, mais próximo de onde iremos dormir, mas lá não encontramos um restaurante sequer aberto por volta das 22 horas, e mesmo em Rezende que é bem maior que Itatiaia e para onde acabamos retornando, só encontramos aberto um restaurante bem barulhento aonde as opções eram bem reduzidas e acabamos comendo uma pizza sofrível que já chegou à mesa mais pra fria do que para pelo menos morna, e foi o que conseguimos pra enganar o estomago. Perdemos bastante tempo procurando um lugar pra comer e quando finalmente chegamos ao chalé dos Spanner já beirava a 01 hora da manhã, e teremos que madrugar pois o programa é partirmos para a parte alta do parque às 06:30h.
Itatiaia, 25 de junho de 2016 – Alvorada às 06h, rápida higiene matinal e descemos para tomar café com os Spanner, o pai Júlio e o filho Igor, e por volta das 06:35h partimos, em dois carros, em direção ao chamado Posto Marcão, a entrada oficial do parque distante 227km do centro do Rio de Janeiro. Neste trajeto, depois que deixamos a rodovia Presidente Dutra (BR 116) pegamos a BR 354, a estrada Rio-Caxambú (Circuito das Águas) por 23Km, até o local conhecido como Garganta do Registro, a 1.669 metros de altitude. A partir daí começa a subida de 14km em estrada de terra batida, que agora está até melhorando as condições do piso, até o Posto Marcão (antigo Posto 3). Da entrada do parque são mais 3km até o Abrigo Rebouças e daí até a base dachaminé Brackman nas Prateleiras mais uns 3km.
O parque hoje está bem concorrido, também, com o tempo que está fazendo aqui em cima, céu de um azul brilhante e sol amornando nossos esqueletos, e estacionamos inicialmente fora do parque aonde já hávia uma fila grande de carros, seguimos a pé para nos registrarmos na portaria e isto feito, os motoristas voltaram para pegar os carros e estacionar na área própria já no interior do parque. Carros estacionados arrumamos nossas tralhas e partimos para a base da escalada festiva; neste momento éramos apenas 6 montanhistas, o Wal, o Velho e eu, mais os Spanner, Júlio e Igor e o Rogério, este último sócio do Gean, os Spanner atualmente estão sem clube, mas tem mais 4 membros do Gean que também participarão desta escalada comemorativa.
No final das contas o grupo ficou com a seguinte composição: a galera do CERJ com Waldecy Mathias Lucena (Wal), Fernando Clémand Fajardo (Velho) e José de Oliveira Barros (ZéKili); a galera do GEAN com Rogério Veiga Da Costa Junior, Dimi Corrêa, Paulo André, outro membro do GEAN do qual não descobri o nome, mais a única representante feminina do grupo, Déborah Leme, e os independentes Spanner, Júlio (Véio da Touca) e Igor. Bem, como dito acima, esta via é uma conquista do CERJ e a primeira repetição foi obra do Véio da Touca, que com apenas 16 anos de idade na época era membro ativo do GEAN e guiou a primeira repetição da via, assim sendo, o grupo formado foi bem representativo para a comemoração dos 50 anos da conquista que se completa exatamente nesta data, 25 de junho 2016.
Quando chegamos na base da via, já lá encontramos o Paulo André acompanhado da Déborah e logo a seguir chegaram o Dimi e o décimo membro do grupo. Nós do CERJ formamos uma cordada de 3 liderada pelo nosso queridíssimo Velhusco seguido do Wal e comigo fechando o grupo; os Spanner formaram outra cordada e o pessoal do GEAN se organisou entre eles. A escalada transcorreu tranquila, naturalmente um pouco demorada devido a grande quantidade de participantes na mesma via, éramos 10 montanhistas, principalmente em se tratando de uma chaminé com uma única rota escalável. No cume nos confraternizamos e interagimos com outro grupo do GEAN que subiu ao cume das prateleiras pela via normal, fizemos muitas fotos, inclusive com as bandeiras do CERJ e do GEAN e ficamos curtindo o belo visual do local por mais de uma hora antes de iniciarmos nossa volta rapelando a via.
O dia hoje esteve simplesmente espetacular, céu completamente azul, sol batendo diretamente dentro da chaminé, e assim sendo, o que a princípio poderia ter sido um suplício dentro de uma geladeira, se revelou uma ascenssão por um buraco morninho quase aconchegante, mas o mais importante, em momento algum passamos frio e tampouco calor, esteve tudo perfeito, tanto com as condições meterológicas como com os companheiros de jornada. Do cume da escalada, a poucos metros abaixo do cume principal das Prateleiras têm-se vista panorâmica de grande parte da área do parque além de boa parte da baixada que hoje estava coberta por um grande lençol de nuvens branquinhas como clara de ovo. Quanto ao grupo, os Spanner são fora de série, o Dimi e o Rogério eu já conhecia de outra jornada aqui no PNI, o Wal e o Velho são companheiros fiéis de longa data; e com certeza, tanto estes como os demais que conheci hoje, são grandes parceiros de jornada na montanha; o meu muito obrigado a todos pela parceria nesta bem sucedida empreitada.
Saindo do parque ainda assistimos a um belo por do sol para coroar o sucesso desta feliz jornada. Depois de ligeira parada na Garganta do Registro para despedida final com a turma de Rezende e Itatiaia, fomos direto para a festa de aniversário do Ricardo do CEG lá no Cosme Velho. Só pra finalizar, quero agradecer em meu nome e dos meus companheiros Cerjences a calorosa acolhida dos Spanner nos oferecendo pousada lá em Itatiaia, bem como a companhia de todos os outros montanhistas que participaram desta escalada comemorativa dos 50 anos da conquista da chaminé Brackman.
José de Oliveira Barros (ZéKili)