ALTO DO MANGALARGA

Marcus Carrasqueira

Demorou, mas chegou! Com o país registrando 65% da população protegida com a primeira dose e 35% imunizada com a segunda dose ou dose única, o clube reabriu as excursões oficiais seguindo os protocolos de segurança sanitária diante da pandemia.

Os guias foram estimulados a criar roteiros para oferecer aos sócios. Decidi pelo Alto do Mangalarga, no Parque Estadual da Pedra Branca, com entrada pela portaria Pau da Fome. Trata-se de uma trilha clássica até a Casa Amarela, onde a Transcarioca é interceptada. A partir desse importante encontro segue-se em direção ao Rio da Prata, porém esse cruzamento também permite seguir para Vargem Grande e Camorim.

A Casa Amarela é um marco da paisagem carioca! Construída na década de 1920 como sede do sítio Santa Bárbara, o imóvel testemunhou ciclos produtivos da cana de açúcar, café e carvão que modificaram a paisagem do Maciço da Pedra Branca.  Conhecida por moradores e agricultores familiares da região, a trilha era utilizada para o transporte da produção das fazendas e engenhos locais, se adaptando ao tempo e à história e adquirindo novos usos e significados.

A excursão foi marcada para domingo, dia 12 de setembro. Entramos pela portaria às 08:10 horas, após vencermos uma grande batalha contra dois exércitos convocados pelas festas rave em sítios locais, bloqueando a estrada com suas dezenas de carros e taxis amontoados no asfalto e acostamento e sermos bombardeados com as centenas de altos e potentes decibéis atirados pelos zumbis frequentadores desse tipo de evento regressor na escala da evolução humana!

O grupo foi formado pelos casais Eder e Mônica e Magal e Anabel com o pequeno Miguel, além da Camila e Thatiana Marques, essa última do Clube Light. Estávamos um pouco apreensivos com o tempo, pois choveu na noite anterior, todavia nos surpreendemos com as boas condições do clima e do terreno. As trilhas nesse setor do parque receberam nova sinalização, com placas e setas de madeira em cores amarelas bem pintadas. Seguimos em ritmo compatível com os passos do Miguel testando e descobrindo os prazeres de trilhar em meio à Mata Atlântica. Logo após o cruzamento com o primeiro rio ele pulou para dentro da mochila canguru do pai. Vencido o trecho mais íngreme até a Casa Amarela, paramos para descanso, hidratação, lanche e prosa. O maldito barulho da rave nos perseguia até ali!

Continuamos pela Transcarioca rumo ao nosso destino, aonde chegamos por volta das 11:40 horas, um ótimo horário. Encaminhei a comissão de frente até o mirante e retornei para sinalizar a entrada para Magal e Anabel, pois o Alto do Mangalarga é uma alça lateral que deixa o traçado principal da Transcarioca. Voltando para reencontrar o grupo me deparei com Eder aflito, lutando contra um enxame de mosquitos brancos! Paradoxalmente, os demais colegas estavam calmos. Em poucos minutos o grupo estava completo novamente.

O Alto do Mangalarga é um belo mirante, no qual se pode apreciar parte do Recreio dos Bandeirantes, da Vargem Grande e as montanhas que delimitam as praias selvagens, a malha urbana da planície de Campo Grande e a serra das Araras ao fundo no outro sentido e, entre ambas as visadas, encontra-se o verde vale do Gunza aos pés do observador. Descrevi verbalmente essas belas paisagens para deleite da imaginação dos colegas, pois uma névoa espessa encobriu a parte superior do Maciço da Pedra Branca quando estávamos chegando no Mangalarga, tipo brumas de Avalon.

Depois da tradicional confraternização, lanche, fotos e combates aos mosquitos brancos decidimos descer por volta das 12:15 horas, parando rapidamente na Casa Amarela para reagrupar e hidratar. Próxima parada marcada para a cachoeira do Campo, lugar de beleza natural de relaxamento e dissipação de todas as tensões, emergindo purificados e renovados no ânimo e na esperança de dias melhores.

Batemos ponto às 16:00 horas no quiosque dos salgadinhos, bebidas e frutas, após percorrer 14 revigorantes quilômetros de distância. Fomos buscar os carros no estacionamento pago, uma vez que o parque proibiu a permanência de veículos no acostamento da estrada entre a portaria e o ponto final da van. Nos despedimos alegremente renovando os laços de amizades e as promessas de novo encontro nas próximas excursões.

Parabéns para o nosso querido Cerj, que começou um novo ciclo de atividades com o pé… melhor usar outra expressão, em grande estilo!