Rio de Janeiro / Alagoa, quinta-feira 15 junho 2017 – Como combinado, cheguei no endereço do Arthur pouco antes das 07:30h e ele já estava nos esperando na portaria. Enquanto ele saia pra falar comigo a Jana chegou de carro, que vai ficar na vaga do do dele, no qual viajaremos nesta excursão; enquanto fazíamos a troca dos carros chegou a Mari, a quarta integrante do nosso sub grupo.

A estrada hoje estava tranquila, o único trecho de lentidão de no máximo uns 2km, foi nas imediações de Belfor Roxo por causa de obras na pista, fora isso, o transito estava normal. Como o ponto de parada acordado com o Wal estava muito concorrido na hora que lá chegamos,  telefonamos pra ele que estava uns 20 minutos atrás de nós, e comunicamos que não ficaríamos ali, mas iríamos direto para o alto do Registro para reforçar o café da manhã.

Depois de degustarmos queijos, pastéis e uma cachacinha com mel, finalmente eles chegaram e depois que eles também se fartaram na birosca do Registro, seguimos viagem em direção a Alagoa aonde pousaremos esses 3 dias do feriado prolongado; partimos antes deles pois tínhamos que abastecer o carro antes de seguir viagem, e ficamos esperando por um bom tempo a chegado do quarteto na bifurcação da estrada para Alagoa; eles demoraram porque tiveram que voltar ao Registro para resgatar os óculos de sol que o Wal esquecera lá em cima.

Depois de nos instalarmos na pousada “Flores da Mantiqueira”, fomos fazer nosso passeio de hoje, subir ao cume do Pico do Garrafão ou Sto Agostinho, uma caminhadinha bem camarada, foram apenas 7,5km ida e volta, com desnível de 660m percorridos em 2 horas e 40 minutos. Localizado no Município de Alagoa, o Pico do Garrafão ou Santo Agostinho possui 2.359 m de altitude e pertence ao Parque Estadual da Serra do Papagaio. Do seu cume tem-se visão panorâmica de 360º das montanhas da região, sendo possível contemplar o maciço do Itatiaia, a Serra Fina (Pedra da Mina e Pico dos Três Estados), a Mitra do Bispo, a Careta, o Papagaio de Aiuruoca, o Itaguaré e o Marins, entre outras serras que compõem a magnitude do Complexo da Mantiqueira; duas das quais ainda iremos subir neste feriado prolongado, O Papagaio de Aiuruoca e a Mitra do Bispo.

Na verdade o pico encontra-se entre Itamonte e Alagoa. Este município possui 2.709 habitantes e seu centro urbano está a 1.200 metros de altitude. É a cidade mais alta das Terras Altas da Mantiqueira. Seu nome é derivado de uma lagoa, onde se garimpava ouro durante o ciclo deste minério na região. A garimpagem era facilitada pela existência de água até a altitude de 2.200 metros.

Missão cumprida, voltamos pra pousada pra tomar aquele merecido banho antes de sairmos pra jantar no único restaurante aberto na cidade, o Pica Pau, e como nada há pra se fazer à noite nesta cidade, buchos cheios, voltamos pra pousada e ficamos batendo papo e degustando uns vinhos com salame e vinho portugueses, oferta da nossa querida Mari, e queijo da Garganta do Registro como tira gostos.

Alagoa, sexta-feira 16 junho 2017 – Alvorada 07h, café da manhã 07:30h e partimos em direção ao vale da Matutu por volta das 08:30h. São aproximadamente 30km até o trutário, aonde começa uma das trilhas para o Pico do Papagaio de Aiuruoca.

No inįcio da jornada tivemos alguma dificuldade para encontrar a trilha, que por passar por uma zona de pasto no trecho inicial, o que a torna um pouco confusa com arremedos de trilhas indo pra tudo quanto é lado;  felizmente o presidente da Waltur estava munido de GPS com o track-log da trilha e depois de batermos pernas em alguns trechos, com idas e vindas esporádicas, o que nos fez perder algum tempo e andar um pouquinho mais do que o necessário, mas nada que pudesse inviabilizar nosso projeto de alcançar nosso objetivo principal do dia, pois afinal de contas, “só o cume interessa”, e hoje a meta é o do Papagaio.

Passado o sufoco inicial de procurar a trilha, e hoje nosso costumeiro embate entre a Waltur e a Velhotour foi enriquecido com a entrada da Tututour no mercado, uma vez vencido o pasto e encontrada a entrada da trilha na floresta, o resto do caminho atė o cume transcorreu sem maiores percalços e em 2 horas e 59 minutos percorremos os 7,15km para alcançarmos os 2.105m de altitude do Pico do Papagaio de Aiuruoca.

O pico do Papagaio é um dos pontos turísticos da cidade de Aiuruoca, estado de Minas Gerais. Possui 2.105m de altitude e é a principal formação rochosa de uma cadeia de montanhas pertencente à serra da Mantiqueira localizada no Parque Estadual da Serra do Papagaio. O parque foi criado em 1998, possui 22.917ha e abrange os municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto. Na mesma cadeia de montanhas encontra-se o local, próximo a este pico, denominado “Retiro dos Pedros”.

O cume estava bem concorrido, mas fora o nosso grupo, só uma dupla de paulistas que havia entrado na trilha um pouco antes de nós, mas que teve tanta dificuldade como nós para encontrar a trilha certa, e que acabou seguindo os nossos passos, todo o resto da galera que fez cume hoje, veio pela trilha mais obvia e mais curta, que começa pelo lado de Aiuruoca, nós viemos pelo Vale do Matutu, no município de Pouso Alto. Na jornada de hoje, compreendendo ida e volta, caminhamos efetivamente os 14km de trilhas em 4 horas e 55 minutos, com gasto calórico de 2.362 Kcal para vencer um desnível de 840m, sendo que levamos 3 horas pra subir, isto por causa da procura da trilha certa, e somente 1 hora e 55 minutos pra descer.

Na volta para o trutário, onde deixamos os carros, paramos para curtir uma cachacinha local, mais uma boa cerveja artesanal com uns tira gostos, foi muito bom, mas o frio começou a incomodar a galera e tratamos de bater em retirada, para tomar aquele merecido e a essa altura do campeonato necessário banho, pra em seguida irmos jantar no único restaurante da cidade que encontramos aberto até o momento, o já mencionado Pica Pau.

Depois do jantar ainda assistimos a partida da procissão, a cidade estava ornamentada com tapete de areia colorida, serragem e flores formando diversas figuras de cunho religioso, demarcando o trajeto da procissão; e apesar da cidade não ser tão grande, a igreja sim, é bem espaçosa, e quando a turma saiu da missa para formar a procissão, tivemos a impressão de que todos os habitantes da cidade estavam na missa, pois não parava de sair gente da igreja.

A procissão partiu e nós descemos para o saguão na frente dos nossos quartos na pousada, para papear sobre as peripécias da jornada, degustando uma caipirinha com limão galego oriundo do trutário, seguido de bons vinhos de procedência variada, antes de nos recolhermos para uma boa e bem merecida noite de sono.

Alagoa, sábado 17 junho 2017 – Hoje o café foi mais tarde e sem pressa, pois não faremos nenhuma montanha hoje não; hoje é dia de cachoeiras e rodar de carro, dia de descanso, afinal nem só de picos vivem os montanhistas.

Nossa primeira parada foi na Cachoeira do Zé Pena, situada a 6km do centro da cidade, esta é uma das mais famosas cachoeiras da região, não só por formar várias piscinas naturais, como também por ter um escorregador natural. Apenas a metade do grupo entrou na água, que por aqui é bem mais fria que as da Chapada Diamantina, mas nenhum de nós quis experimentar o dito escorrega.

A seguir, fomos para as Corredeiras do Itaoca que fazem parte do Rio Aiuruoca, afluente da Bacia do Rio Grande, que possui a nascente mais alta do Brasil, localizada a 2.450 metros de altitude, na Serra do Itatiaia, fazendo divisa com os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. O rio é rico em corredeiras e cachoeiras, que abrigam frutas nativas e peixes de águas frias. Suas águas límpidas formam cascatas de excepcional valor cênico no decorrer do seu curso, que atravessa todo o território de Alagoa (sul/norte). O bairro de Itaoca, acessado através de estrada não pavimentada que liga o município de Alagoa à cidade de Itamonte, as corredeiras localizam-se a 3 km do bairro de Rio Acima e a 6 km da sede de Alagoa. As Corredeiras do Rio Aiuruoca são facilmente acessadas, pois são avistadas ao longo da estrada de Itaoca, que margeia boa parte das corredeiras do rio.

De volta pra pousada, depois daquele banho e troca de roupas, fomos procurar lugar pra comer; e adivinhem aonde fomos parar, isto mesmo, no já nosso conhecido e único restaurante da cidade, o Pica Pau. Como já era o meio da tarde, e a cidade não tem tanto movimento, tivemos que esperar para prepararem nosso almoço, e aproveitamos para encomendar um caldo verde para logo mais à noite, pois não teremos fome para um verdadeiro jantar. Depois do almoço alguns foram tirar uma soneca e outros foram passear pela cidade, se é que dá chamar isso de passeio. Na volta do caldo verde, mais uma seção de papos regados a vinho antes de irmos dormir.

Alagoa / Sto Antônio do Rio Grande / Mauá / Rio de Janeiro, 18 junho 2017 – Hoje a alvorada foi às 06:30h e o café da manhã a partir das 07:15h, pois é dia de voltar pra casa, porém, ainda vamos fazer mais um cume no caminho de volta, vamos subir a Mitra do Bispo a partir da estrada que liga Alagoa a Sto Antônio do Rio Grande.

Esta montanha estava na minha lista de metas, pois há alguns anos atrás tivemos de abdicar de subi-la por causa de chuva torrencial que desabou na região naquela ocasião; mas dessa vez vai, pois o tempo está simplesmente maravilhoso. E depois de passarmos da entrada da trilha, o Wal consultando o track-log que ele copiou no GPS, se mancou e apos fazermos meia volta finalmente achamos a entrada da trilha.

A trilha está muito boa, hoje tinha alguns trechos úmidos, mas nada que dificultasse demais nossa progressão, tanto que fizemos a subida 1 hora e 30 minutos e a descida em 50 minutos apenas. No cume além de fotos e um vídeo para mandar pras listas via watsupp, ainda degustamos uma cerveja artesanal levada pelo Wal; essa Waltur está cada vez melhor. Chegamos a 2.190m de altitude fazendo um desnível de 550m para 6km de trilha, ida e volta, com um gasto calórico total de 1.112 Kcal. Na subida o Wal mais uma vez se desapegou do óculos escuro, mas na descida a Mari conseguiu resgatar o mesmo; e esta foi a excursão dos óculos de sol, para completar o meu perdeu uma lente.

A Mitra do Bispo é uma formação rochosa localizada no sul do estado de Minas Gerais, cujo cume lembra a mitra usada na cabeça pelos bispos. Está situada na ramificação norte da serra da Mantiqueira, denominada Serra da Aparecida. Faz divisa com os municípios de Alagoa, Bocaina de Minas e Aiuruoca. Altitude de 2.149 metros (IBGE), mas sites atualizados lhe dão 2.212 metros. Curiosidade, entre os 15 mais altos cumes do Brasil, a partir do terceiro eu já fiz 10.

De volta para estrada fizemos uma pausa em Sto Antônio para beber uma cerva na pousada da Beti, e a seguir almoçar em Mauá antes de pegar a reta de casa.

Que final de semana maravilhoso, o meu muito obrigado ao Wal que programou e organizou esta excursão, ao Arthur que me deu carona ida e volta, e aos demais participantes desta empreitada, a saber, completando os caronas do carro do Arthur: Jana e Mariana, e com o Wal o Velho, a Vivi e o Ernando completando o octeto, que abrilhantaram esta memorável excursão do nosso querido CERJ.

José de Oliveira Barros