No dia do trabalhador tivemos mais uma sensacional prancheta inclusiva da nossa querida guia Miriam Bamo Bamo. Fomos ao Pico do Glória, situado no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no setor que se inicia em Petrópolis.

Para os que não sabem ou não se lembram do que é uma prancheta inclusiva, explico, não sem antes pontuar que esse tipo de iniciativa é, do meu ponto de vista, a expressão máxima do verdadeiro espírito montanhista!

Numa prancheta inclusiva cabem todos: os que andam muito, os que andam pouco; os veteranos e os novatos; os que sempre aparecem e os que quase nunca; os jovens e os que não pagam mais entrada no parque; os amigos íntimos e os simpáticos recém conhecidos. Enfim, é pura confraternização, sem discriminações, no ambiente que mais amamos: a natureza.

Numa época em que a tolerância e a aceitação do diferente, daquele que não é do meu grupo, são tão pouco praticadas, isso não é pouca coisa, não!!!

Encontramo-nos às 7:30 no Alemão e éramos 16: eu, Miriam, Carrasqueira, Mark Duek, Sol, Moacir, Carla, Júlio Mello, Fátima Mota, Fernando Kabelo, Felipe Romeiro, Ana Flerg, Patrícia Manso, Gisela Puppin, Jana e Camilla.

Cumpridas as etapas de café da manhã, chegada ao Parque, compra de ingressos, cumprimentos efusivos com a galera do Niteroiense que encontramos na porta, começamos a caminhada às 9:30.

Como é de se esperar, numa prancheta inclusiva, uma parte dos participantes ficou na Cachoeira Véu da Noiva, que se alcança mais ou menos com 1 hora de caminhada.
Outros tantos passaram a subir o rio, para chegar ao início da trilha propriamente dita.

Essa subida é bastante peculiar, pois na verdade caminhamos sobre pedras no leito do rio, fugindo para as margens quando possível. Nesse trecho, eu me dei muito bem! Como praticante de canionismo, estou muito acostumada a caminhar em leitos de rios. Além disso, fui com minha bota feita para molhar e meias de neoprene, idem. Moral da história: metia o pé na água todo o tempo, o que me valeu o apelido, dado pelo Júlio, de Mulher Submarino!!

Quando chegamos ao início da trilha propriamente, outros participantes decidiram ficar no poço, enquanto metade do grupo inicial tocou para cima. Literalmente!!

Os pedaços de costões que encontramos estavam bem molhados, sendo necessária muita ajuda mútua para vencermos os escorregões. Mas vencemos todas as etapas sem maiores problemas.

Mais ou menos às 13:30 chegamos ao pé do cume, faltando ainda um pedaço a ser escalado para completar a empreitada.

Com proficiência Júlio guiou a subida e fixou duas cordas para que subíssemos com segurança. Nesse ponto eu declarei que não subiria; já estava satisfeita e com preguiça de botar baudrier. Como sempre, não tenho compromisso com o cume, apenas com meu prazer de estar na natureza. Mas dessa vez, recebi inúmeras demonstrações de protesto! Todos disseram que não tinha cabimento chegar ali e deixar de fazer cume por 10 m de escalada. Moacir e Mark morreram de rir: como uma criatura caminha 4h morro acima e tem preguiça de botar baudrier??

Vencida pelos insistentes protestos, botei o baudrier e fiz cume com a galera querida. Estávamos todos lá às 14h. Lanchamos rapidamente e descemos sem incidentes, chegando à entrada do Parque pouco antes das 18:30. Lá encontramos boa parte do grupo, que ficara nos esperando. Desses, alguns foram jantar na Serra e outros voltaram para o Rio.

O dia foi sensacional por vários motivos: a diversidade de situações durante o trajeto – trilha preparada, leito de rio, trilha “selvagem”, escalada – somou-se à diversidade de pessoas, tornando a atividade surpreendente e única! O tempo ajudou bastante, com um misto perfeito de sol para iluminar e nuvens para enfeitar as fotos.

Encantei-me com os CBMs Moacir e Mark, sempre solícitos, cooperativos, tranquilos, enfim, grandes aquisições para o CERJ, prováveis futuros guias. Também Júlio, com quem nunca havia caminhado, mostrou-se bastante paciente com os necessitados (no caso, eu!!!)

Do Carrasqueira nem preciso falar: um verdadeiro gentleman todo o tempo!!

E a companhia das minhas amigas queridas é impagável!! É ou não é para me sentir a mais feliz das criaturas??

Bjs,